top of page
Foto do escritorPedro Tártaro

A Galiza no Porto - Rosalía de Castro

Atualizado: 24 de set.



De estilo figurativo e esculpida pelo artista português Barata Feyo, esta obra dedicada a Rosalía de Castro, a célebre poetisa galega, encontra-se na Praça da Galiza, no Porto. Foi inaugurada em setembro de 1954 como homenagem à sua influência literária e cultural, com destaque pela sua defesa da língua galega e das tradições populares da Galiza.



A estátua, com vegetação atrás e dos lados, representa Rosalía de Castro sentada, com uma expressão serena e pensativa. À sua frente, bancos públicos completam o espaço íntimo desta pequena praça. A simplicidade da sua indumentária, esculpida na pedra, reforça a sua ligação com o povo, enquanto a sua inclinação para o céu reflete as emoções profundas dos seus escritos, estabelecendo uma ligação emocional com aqueles que a observam.



A localização do monumento na Praça da Galiza não é uma coincidência, dado o nome da mesma, o que evidencia a profunda ligação entre o noroeste de Espanha e Portugal. A Galiza e Portugal partilham um património linguístico comum, e Rosalía de Castro, ao defender o galego, contribui para esta ligação com o português, a sua língua irmã.


Durante a cerimónia de inauguração, a filha de Rosalía, Gala Murguía, esteve presente e acompanhou o então presidente da Câmara Municipal do Porto, José Albino Machado Vaz, na deposição de flores no monumento.



Rosalía de Castro (1837-1885) é uma das figuras mais significativas da literatura galega e espanhola do século XIX. É sobretudo conhecida pela sua obra poética em galego, que ajudou a revitalizar e dignificar uma língua que havia caído na marginalização. A sua obra Cantares Gallegos (1863) marcou o renascimento da literatura galega, conhecido como Rexurdimento (Ressurgimento). Nesta obra, Rosalía exprime a vida rural, a dor da emigração e a identidade da Galiza. No seu famoso poema “Adiós ríos, adiós fontes”, retrata o sofrimento daqueles que são obrigados a deixar a sua terra natal, um tema recorrente que se relaciona com a diáspora galega:


Adiós, ríos; adiós, fontes;

adiós, regatos pequenos;

adiós, vista dos meus ollos:

non sei cando nos veremos.

Miña terra, miña terra,

terra donde me eu criei,

hortiña que quero tanto,

figueiriñas que prantei,


(Excerto de Cantares Gallegos)


Outra das suas obras fundamentais é Follas Novas (1880), uma coleção de poemas que explora a dor pessoal, a doença e a morte; temas que refletem a sua vida e saúde frágil. A sua obra, tanto em galego como em espanhol, reflete uma profunda preocupação com os marginalizados, especialmente com as mulheres e os pobres. Esta sensibilidade social e política tornou-a uma figura de referência nos direitos das mulheres e no ativismo social.



Atualmente, o legado de Rosalía de Castro continua vivo não só nos círculos literários, mas também nos movimentos sociais contemporâneos, como o feminismo e a defesa das línguas e culturas minoritárias. A sua obra foi redescoberta e revalorizada como uma fonte de inspiração para aqueles que lutam pela justiça social e pela preservação da diversidade cultural.



bottom of page